Eu passo em frente da casa e vejo no jardim sem cercas uma bola de plástico colorida, não era muito grande, aquilo me dá agonia. Como se fosse explodir, ou perder sua inteireza, murchando, tornando-se nada mais que abandono obscuro do que poderia ter sido, e não foi, minha imaginação diz que sim. As cores são vibrantes, ela inteira. E no dia seguinte retorno pelo mesmo caminho e a vejo, cabelos soltos com uma jardineira de jeans, um riso de boca aberta jogando a bola para o ar e a pegando novamente para em seguida repetir, jogar, e se levitar no ar. Eu a vejo envolta na bola, abraçada nas cores de geléia, no açúcar da gelatina, subindo e descendo a ponto de me causar medo, que fosse perder-se, subir sem retorno, de cair no fundo obscuro do gramado, de voltar do meio dos arbustos com a cara mudada em prantos. E retorno quase noite para ver novamente o que já sabia, a bola flutuando no ar, a menina deitada na bola feito um...