Postagens

Mostrando postagens de abril, 2015

Foi comida

Imagem
Foi comida                                                                     Pedro Moreira Nt Nessa marmita, o gosto mais profundo da beleza, que não é minha nem tua, mas nos pertence. Tem aí as palavras famintas que necessitam de tempero, de amores. E para isso, chega de interpretação, de subjuntivos, essas coisas. Esse tipo de comida humana é uma vingança contra a ordem, como se fosse possível seguir um sumário. Sinceramente tem-se duas opções antes de enfiar a colher na lata. – senão é plástico. Ou come-se frio a contrariedade ou se esquenta. Na desforra contra o óbvio a comida é servida ao natural, sem calor algum. Mas não podemos esquecer que também se aquece, um laboratório. Fogo, e a coisa. Daí é um outro tipo de vencimento. Parece salário, emprego e produtividade. Vingar também quer dizer pegar, fazer nascer do mau o bom, do bem o mal para ser mais lógico. O bom não é o cara que faz o bem. Há muitos deputados extremamente bons. Bondade para a família e pr

O seu desconhecido preferido

Imagem
O seu desconhecido preferido                                                                                                                                      Pedro Moreira Nt Ficar só é talvez a melhor coisa que pode acontecer para quem está sempre povoado de mundo. Vou explicar: se você lê, estuda, trabalha, faz curso disso e daquilo, sobe e desce, anda pela cidade sem parar fugindo do ônibus e pegando ônibus, ouvindo notícias, músicas, vendo TV, entrando no computador, conversando tantos assuntos, pode-se dizer que se está amarrotado de tanta gente na cabeça. Veja que essa quantidade de gente do cotidiano da vida toma tempo, engole o espaço, empurra. Puxa-se pra lá e pra cá - que se pensa cheio. Em verdade vazio, porque nada ancorou no fundo da alma. O dia ficou uma passagem feito um elevador carregado que começa cedo e vai até a noite para recomeçar. Dentro da pessoa parece haver um burburinho infinito, aquela falação com sons variados e imagens que não se fixa

Na ponte, Maria

Imagem
Na ponte, Maria Pedro Moreira Nt Todo mundo pensava que fosse possível o que de fato não poderia ser ainda mais por ser fatídico e trágico se acontecesse tal qual se podia pensar que fosse então pensado, oras. Ele a viu e ficou daquele jeito que ficam os camelos quando olham para o deserto cheio de dunas: nossa quanta gente lá. Olham e pensam camelando, duas sobre dunas, isso tudo é uma zona. Então, lembram-se cuspindo e querendo vomitar que terão de caminhar no meio daquilo tudo sem saber porque razão e os demais sem-sentidos possíveis que tem o trabalho na vida no ato evidente e sacal de camelar para nadas. E assim ele a viu como a promessa camelante de dunas sobredunas dobradas de paixões. E marcou. - Na ponte Maria. - Maria não, Alzira. - Tá bem Maria, na ponte. Ela sem entender o que quer que seja, vendo que o sujeito era o sujeito daquele jeito que são esses sujeitos, apostou, fezinha que não suportaria a ponte. Foi. Não para camelar que era esperta. Viu