Quando estiver exausto,
cansado, quando enfim, no prego, poderá entender. Prego de empregar isso e aquilo
para o trabalho, fazer pregas na costura, de pregar mesmo, e apregoar, de
pregar naquele sentido transcendental, no pendurar tem prego e outros empregos
podemos dar àquilo que sustenta e estar cansado.
E nada a fazer, e um querer
fazer sem faze-lo de preguiça.
Nossa, sustenta também tem prego?
Ele sustenta a família, o carro, sustenta o banco e os
juros; são ou não sustentáveis tais condições das bolsas, inclusive alguém
sustenta a bolsa no sentido de carregar pendurado.
E pendurado tem mais coisa ainda: veja que pendurado é o
sujeito que está no prego e é insustentável; quer-se dizer que aquele cara tem
altas dívidas e acabou cedendo ao banco depositário fiel aquilo que acreditava
suster, mas que incondicionalmente o deixou endividado. Santo! Endividado!
Impossível de dividir, ou mal dividido, ou mal resolvido,
sem grana, sem meios - impossível de realizar a operação da divisão -, sem
resolução cabível.
Aliás cabo, pedaço de terra, mar à costa, cumprimento que
atinge um objetivo evidente, no caso água do mar, o sujeito que dá as ordens
imediatas à seu subalterno, aquilo que faz papel de alavanca, faz mover algo
dependente de uma ação - no caso o cabo da enxada -, dando cabo ao assunto,
capaz de executar, realizar, definir, terminar, um apêndice, que é parte,
pedaço de algo que foi dividido, coisa que veio de uma divisão militar por
exemplo, e aí vem cabotino, repetitivo, cumpridor de tarefas, refreado,
diferente de encabado, que quer dizer preso à uma circunstância, preparado,
destituído também de outra possibilidade, que não vai adiante.
Adiantar, ver o dia novamente, atentar ao dia, seguir
passo-a-passo, tomar caminho, confiar, ser esperto, oportunista, tomar lugar,
reavaliar as condições com rapidez, meritoso; está adiantado, superior, acima
das condições propositadas, faminto, expedito, laborioso. Que a lide faz a lida
aos que lideram.
Mercadores de tralhas que
vendem vidas morrem a quererem ser o tempo e jamais lídimos por não cavarem de
suas próprias mãos a vida, mas a morte a má sorte dos desvalidos, nós.
Esse nós que é feito do nó,
do arrocho que nos unem e nos despedaça.
Aí é o seguinte: lareira, lar, labareda, lábaro. Labor
(trabalho), energia gasta para um fim adiantado em si mesmo para ser dividido a
todos o alimento que a cabo conseguiu laboriosamente porque o fogo interior, a
centelha conhecida entrega de semideus, oferenda roubada, a luz o esclareceu e
o fez melhor. , tornou-se caminho a ser
iluminado a aquecer pessoas que pregoaram esse desejo de luminiscência.
Bom é um negócio de lumen, você entende.
E negócio nada mais é que negar o mais importante (que nem
mesmo precisa de luz (fialho) ou filho de luz, ou centelha), o ócio e isso é
algo incrível no espreguiçamento. Mas negar tem uma raíz ao negro, ao africano.
Tenho a impressão que negativo carrega a beleza de não fazer que parece ser
pregável ao sentido mais ilustrativo possível de que a desobediência é o ato da
liberdade garantida, e negar-se é ao menos, no mínimo paz, descanso, alegria
que não se tira de ninguém, mesmo na submissão aos que não param, negociam,
fazem tratos e tratados, doutrinam a quietude e o bem estar a um eterno
movimento imposto.
O ócio mostra um
reconhecimento de si ao que não mais necessita realizar. Vender o descanso, o
estado natural de vida dormitada, sonhada, desejada, de entregue a si mesmo é a
negociação. Como que tudo estando em
movimento exigisse a todos, os que estejam assim, por serem assim jogado à roda
de Shiva, ao tempo dançarino na roda viva se metessem a querer alcançar os
deuses para lhes tomar as distâncias, os futuros para o enriquecimento de quem
os manda. Mão a dar-nos porrada.
Vendem o mais precioso rico
que somos, o que realmente temos - porque nos perdemos no tempo guiados ao
indefinido -, a felicidade de não fazer.
E se deita ao tempo que
indefinidamente segue na carroagem ao lugar do jamais feito e conhecido, que
nos dá a surpresa da vida. Despregados dos infelizes, libertinos em nossos
prazeres, jogados além e na certeza da nulidade do açoite. Um instante de nossa
eternidade chacoteia a brida de Krishna.