Gardo


 Vinha sofrendo faz tempo, tentou mudar de nome, inventar outra cara, mas. Segue cansado, antes de chegar já avisa que não suporta mais o terror. 

Imagina o grandalhão, sem camisa e debochado no mercado. Os sovacos erguidos, a voz de metralhadora, riso cuspe-tem, cheiro de morte desde o teto das orelhas cheias. Mau-aviso com gestos pesados de histeria controlada no álcool. Cara de perdoável. 

E bate à porta. Churrasco-crematório, bebidas amarelas, gritos, confusões, esquecimentos, fumaça, raiva-gargalhada, explosões, e brindes, rádio na última notícia, volumes, tsunamis erráticos e logo aquela madorra, dor-de-barriga, e um ar pesado, quase morto que ninguém levanta.

Se mudasse de endereço, sei que não escaparia. Graças ao quarto poder, os mensageiros, fofoqueiros de plantão, ao canibalismo Latinoamericano, eles me encontrariam.

Deus, quem são eles?

Parentes, amigos, traidores, e o Gardo.

Gardo? 

Não posso explicar, ninguém ia entender. É ele quem vai ao mercado.

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Charlie 


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