Nada, como estar entre a gente
Voltando de qualquer lugar, como que nunca tivesse saído. Um certo mal-estar que arrepia a pele que recobre os ossos. O nojo na garganta, uma remessa fechada do estômago. Voltou o frio, um ventinho bom, aquela sensação que logo chove, alguém vai berrar contigo ou fazer cara de estrutura governamental, vai dar um salto `a sua frente, e, com uma flanelinha dessas de posto de gasolina vai polir pedras pintadas de branco ou escarrar a alma ali mesmo. Não é a cidade, o lugar de novidades e interesses, e nem nada, acho. Vai ver que nem-isso. Dá um certo frio no estômago como que tivesse invadindo uma reunião secreta de uma facção armada e uniformizada. Olhos sombrios que riem mostrando os dentes, um olá que se ouve com o peso do sarcasmo, de uma ironia a respeito de um pertencimento de ordem familiar de grupos coesos usando máscara frente a um banco. Mas estão na igreja, no restaurante. Há sempre uma promessa sexual, uma tosse no ar que mostra os seios da garganta. Conversa-se com in
Deixei as roseiras crestarem no frio
abandonei por três horas o meu sossego
para ficar catucando pragas do jardim
Não telefonei e nem atendi ao telefone
e nem livrei a metade do discurso sobre construção
revi páginas sem motivo e pulei figuras para achar vozes
fora isso às ausências: dormi mais tempo perdendo o início do dia
- que nem me importo
Cansei de ser correto quando entrei na contramão
- foi engano
Atendi ao cobrador; o que é uma perda
Poderia dizer qualquer coisa porque estou cheio
Vejo o som do piano desafinado
o meu batuque esticado
Passar a rever o revisto
retomar o refeito
refazer o feito
Reter a gelatina trêmula
Congelar o frio com o maior calor do desperdício
Gastar o que não existe no caixa
Correr até disparar o coração
Ir pescar sem porquê
Morrer sem tédio
uma alegria triste que é rir sem mostrar a face
E desamar é quase esquecer a vida
correr à toa sem compromisso
como agora
derramar palavras