O ridículo em ser maltratado

 






Só quem foi torturado sabe disso. o ridículo é algo que não está na vítima do assédio, mas na avaliação entre o sofrimento e a tortura. O ridículo sobrecai nos valores, em algum sentimento humano reconhecível, passível de ser percebido que escapa à agressão como posição.

O ridículo, o vexame que o outro passa devido a agressividade de alguém, é um sentimento universal de culturas e valores morais que são exigidos, retirados, definidos, contrários. Só a vergonha pública que alguém possa sentir representa, na própria humilhação o tamanho, a medida dos valores socioculturais, de uma ética que aflige, atua, se manifesta. Seja quem for, culpado ou inocente, a vergonha sentida é apenas uma avaliação emocional de uma racionalidade habituada. Quando os hábitos morais, mesmo em sua morosidade, se definem como novos, pode destruir quem o avalia na experiencia da vergonha.

Passar vergonha é estar eleito como contrário aos hábitos e aos valores, ao sentimento de integridade de constituição de um estado de ânimo não reconhecível pelo manual ou pela tortura, pela crueldade que aflora este sentimento de exclusão. O excluído tem essa vergonha calada, sem fala, sem direitos.

O assédio contribui para a separação dos seres humanos e o cancelamento de valores por nuances grupais de moralidades, uma reprodução padronizada do esperado - o esperado comportamento do outro. Bom, estar vergonhosamente humilhado, banalizado, posto à direita do céu, no escuro profundo da vergonha é o estado em que toda a possibilidade ética lhe foi retirada permanecendo a assombrosa reiteração moralista. Só quem foi empurrado e caiu com a cara na tigela pode entender.

Me chame de cachorro, mas não me morda.

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                                                                  Livros de Pedro



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