Pague e mande
Pague e mande Pedro Moreira Nt Sentada à mesa, olhos pequenos estavam margeados por uma napa pressionada sobre o edredom da pele. Surgia do túnel algumas varas crispadas de cílios onde o espelho refletido mostrava as camadas do sorvete que a qualquer momento seria atacado por bonitas pás carregadeiras de alpaca polida. As sobrancelhas afinadas e quase toda arrebatada por uma mania de se flagelar em quase todas as manhãs de domingo ensolarado, retirá-las à pinça. O cabelo liso, esfiapado, mantinha forçosas e trágicas ondulações que lhe traria, pensava, alguma dignidade. A boca foi toda debruada com a entrada de uma espécie estranha de gordura química que inchava ferozmente os lábios, a fim de enaltece-lo, e a mostrar que ao pronunciar qualquer palavra sacudiria, em um quase vibrato, as intenções mais baixas que qualquer um em sua banca de convidados imagi...