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Poesias

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Estava tão linda que me ardia os olhos Antes que me derrubassem estatelei as mãos à parede para ser desarmado mostrar os documentos dizer que ainda me possuía e podia sobreviver a esse direito o chão dos muros Engatinhei até a farmácia trombei nos sons de ofertas na música estonteante que metralhava contra revolução de meus sentimentos os mais rasos que os passos suportavam no cadafalso no balcão ainda no escuro das órbitas pedi ao astronauta que me salvasse do vácuo e ele atirou contra mim acertando colírios O mundo retornou voltei à cancela ergui os braços como me pediram atravessei a fronteira e a atingi com tudo que podia ser Fiquei no gueto sem saída onde os detidos se avolumam escapei por baixo dos arames farpados e me arrastei ao campo de guerra e te alcancei ferida de minhas últimas palavras Estanquei o sangue de todas as paixões gritei o seu no

Amor de perdido imposto.

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Amor de perdido imposto Pedro Moreira Nt Antes era melhor. Sempre atrás do que foi está o magnífico. Uns passos de costas e, o abismo das emoções. Eu a olhava com aquele cabelinho crespo e dourados. Um anjo de molas, suave e flexível. Um dia, que já faz tempo, não resisti ao peso comum das mãos e pensei em uma poita de afundar barco leve, uma com pedras enclaustradas no arame forjado ao sol. Vamos pagar impostos juntos? Não sei. Acho que foi falta de poema. A intenção tão clara. A gente pisando na escadaria e descendo dela, assinando no cartório a nossa dívida moral. Quantas pessoas desejaria no escondido de suas luvas, - usaria luvas de pele humana -, e veria escorrer a civilização nas sardinhas enlatadas onde o sufoco salgado no óleo de corpos, de olhos em corpos equilibrista da jardineira. Um novo emprego, filhos, aquela tascada de mão do patrão que diria de maneira envergonhada, de uma delicada maneira sulista de amar: é só para conformar, tava meio caído. A carinha envergo

Gibi de la Cruz

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Gibi de la Cruz Pedro Moreira Nt Na estante um quadro de San Juan de la Cruz poderia dizer Saborear tudo e ter nada em coisa alguma ser tudo ou nada possuir. Olhou nos olhos, mas de viés. - É essa. - Me interessa. - Se levar na merenda ganha um buque de fotos. - Sério. - É. Mas tem que sair sangue desse velório. - Quero ver ele se remexer de dor quando perder tudo. - Ele vai perder? - Deixa comigo, que conheço do negócio. Sei onde a bicha come. - Me deixa louca. - Mais? - É agora, disfarça. - Vamos nessa. Foi chegando no retalho da blusa. Podia dizer o canto: O que não sabe, no gosto que não tem, chegar a tudo como que nada. Feito tudo que nada é. Na estaca dos olhos coisa alguma possui a tudo. Um quase sonho de humana fé. Descarta a falta, eleva o paladar para saborear e aproveitar da coisa o que ela é. E o que não é, em nunca ser, tornar-se ao menos vil. Lançado em todos os cantos se houve o oceano. Ondas de todos o

Descida da serrinha

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Descida da serrinha Pedro Moreira Nt Uma hora depois o guarda apareceu com os documentos. Incrível, está tudo certo, mas vou deter para uma inspeção. Você não tem cara de santo. Um silencio imenso percorreu a via e estacionou no meio da conversa. - Você não, o carro. O guarda ri. - Perdón, yo no lo entiendo. - Não me venha com essa de estrangeiro que a sua identidade diz quem é. - Lo que dice? - Está de brincadeira? - Creo que he habido un engaño. - Ninguém ganhou nada aqui. Se alguém ganha alguma coisa aqui, ainda sou eu. Pode descer. - Señor lo que sucede, por favor? Qué necesitas? - Sai do carro. - Señor, mira, estoy en família. - Acha que sou o quê, seu "hermano"? Aponta a arma. - Me ganas, tenga calma. - Eu ouvi muito bem. Meganha é a tua avó, meu chapa. Desce. - Bien. Conversa com a esposa que está lendo o manual de trânsito. - Amor, tenga la calma. Ela não responde, est