Xícara
Xícara Tive outras palavras antes de beber o café da tarde. Eram jogadas do beiço Fui ao fogão fumegante, ergui o molho escuro E isso não é tudo - foi uma frase que queria dizer. Um final de discurso, uma corrente que segura a audiência A xícara de ágata de cor branca e luzidia Poucas possuem pires. Elas são em direto. Um gancho de esquerda que vai para o paladar como uma lembrança impossível - premeditada. Está no acerto de contas. O gosto antevisto. Segurei o pratinho desafiando o equilíbrio, a determinação. Caminhei hesitando seguir mais um passo e realizando outro, desconexo, titubeante. Queimei o bico. A lentidão maltrata. Há de ser rápido. Médio-ligeiro. Manchei o pratinho com o sangue escuro. Foi um murro bem dado. Não se pode segurar a platéia quando não se domina o que fazer com os tarecos. Olhei para os desiguais, esperando um achado, um nariz de cristal. Estavam chumbados, esperando o fim do discurso....